NÚCLEO DE PESQUISA – PSICANÁLISE E ARTE
Coordenação: Marcella Pereira de Oliveira
Horário: Quinzenal, quintas-feiras das 08:30 às 10:00
Datas: 8/8, 22/8; 5/9, 19/9; 10/10, 24/10; 7/11, 21/11
Modalidade: On-line
Inscrição: nucleo.psicanalise.arte@gmail.com
No segundo semestre de 2024, o núcleo parte da questão: Como a arte auxilia a investigar a interpretação, onde o analista, com o seu dizer, mostra um saber-fazer?
Nos guiamos pelo fato de que psicanálise e arte partem do fazer, para uma posterior construção de conceitos. Com o seu dizer, o analista constrói o que, posteriormente, poderá ser utilizado como um saber epistêmico.
O núcleo partiu do conceito de sublimação, e encontrou no significante, nas vertentes de signo e de letra, uma forma de criar subsídios clínicos para operar na redução de gozo. Partindo da premissa de que o significante é causa de gozo – que Miller afirma em “Biologia Lacaniana e Acontecimentos de Corpo”, orientado por Lacan, no seminário 20 – foi possível aproximar significante e objeto a; o que nos reitera ao poder transformador da palavra, de uma forma mais profunda do que a via do primeiro ensino de Lacan, focada em sentidos e significados.
Tendo em vista que o primeiro ensino utiliza o significante mais voltado à decifração, pode-se concluir que este uso não favorece a aproximação com o objeto, com o gozo, com o real; e pode sucumbir, na clínica, a uma repetição. O referido texto de Miller, tem sido um orientador ao segundo ensino de Lacan, com elementos sobre o real e o gozo na teorização do significante, que já haviam sido levantados no Seminário 7. Neste, o significante é trabalho a partir de um criacionismo, ou seja, ele não é uma palavra que vem nomear as coisas; pois envolve a transformação de uma matéria bruta em matéria sublimada e, desta forma, não escamoteia o real.
O processo sublimatório do artista interroga sobre a apreensão do significante; por exemplo, com James Joyce. Este autor, que está sendo estudado no núcleo, mostra como o ritmo, a tonalidade e a cadência das palavras pode ser algo fundamental. Manoel de Barros também nos ensina sobre este significante mais próximo do objeto, através de um processo chamado de reificação, brevemente definido como vivenciar o objeto ao invés de tê-lo. Além da literatura e poesia, o núcleo também visa a linguagem visual da fotografia e da pintura, como produções que mostram uma linguagem que inclui uma parcela do gozo, na vertente do real.
Desta forma, a interpretação, que visa isolar significantes e trazer à tona o objeto a; reafirma que não há metalinguagem. Outros elementos como a ressonância, a alusão, a fonética e a estética podem nos levar a uma dimensão para além do ser de sentido, mais além do que é passível de decifração. É o que núcleo visa se aprofundar, nos próximos meses.